Thursday, May 1, 2008

Aquele abraço



Aquele... qual?

Para além do título duma canção de Gilberto Gil, "aquele abraço" revelou-se-me hoje como imagem de marca de António Sala, "o grande comunicador".

O que significa isto? que T.S. (António Sala tem como diminutivo Tó Sala, que tem como iniciais T.S., designação adoptada daqui em diante) é o pai duma das despedidas mais "pseudo-fixes" em língua portuguesa, juntamente com "hasta" e "ficah" (com H para, claro está, arrastar o A) - pseudo dada a dispersão de opiniões e o facto de hasta não ser português.

Pesquisando T.S. na internet, cedo nos é revelada a inveja forasteira por este nosso grande nome do audiovisual. Países como o Chile, parco em talentos, não hesitam em pintar gritos de terror protestante nas suas estátuas milenares, os moais.

do Chile esperava-se um protesto com um pouco mais de chá.

A minha resposta natural é um ardente "buuuuu", seguramente secundado por todos vós.
Deixar isto passar incólume é um não-acto apenas comparável na minha mente ao sim-acto de um furtivo anavalhar de T.S. pelas costas!

T.S. pode estar desaparecido dos ecrãs, mas mantém a sua mão acariciadora presente, afagando o público incessantemente, como um deus omnipresente. E no dia em que parar, no dia em que esses chilenos levarem a melhor, caros amigos, no dia em que este nosso ladino e carismático amigo se silenciar, este país secará até à aridez da cavidade bocal de uma velhota fumadora de 95 anos -algo mais banal? Isto é uma promessa que vos faço: T.S. e banalidade são inversamente proporcionais.

Chamar T.S. de cocó líquido não só é revoltante, como dúbio: cocó líquido tem nome, diarreia. E diarreia, por muito asquerosa que seja a mera menção do seu nome, por mais visões em tons de pastel que tenhamos à segunda sílaba, tem direito, como tudo o resto, a existir. E quem batalha contra a diarreia é nada mais do que um assassino comparável a quem usa o seu alvo como ofensa a T.S.! Sim, falo de ti, imodium.
Quem vive no mundo da publicidade e quem não vive no mundo da publicidade já deve ter ficado pensativo após o anúncio que passou na televisão. Uma das regras antigas, muito antigas da publicidade, é dizer suficientes vezes o nome do produto, para que se fixe na mente do consumidor. Assim, quando o pacóvio estiver no supermercado e se vir diante de 30 produtos semelhantes, algo clicará na sua mente, alguma familiaridade fabricada por uma teoria publicitária.
Ora repetir o nome do produto, se bem que retrógrado, não é reprovável nem idiótico. Repetir num anúncio de 30 segundos a palavra "diarreia" por 8 ou 10 vezes, é.
Algo do género:
"Quando estás na fila do teatro e te dá a diarreia e a tua amiga está quase a chegar e a diarreia provavelmente chegará antes dela e ainda se encontram as duas no hall da sala, a amiga e a diarreia, e a diarreia diz-lhe, secamente: estás com má cara; e a amiga desfaz-se em lágrimas. Como não vais querer isto, acaba já com a diarreia, toma imodium rápido, que acaba com a diarreia e com os efeitos nocivos da diarreia em ti e nos teus num ápice."

E com isto parece-me que provei aquilo que me propús no início deste post: António Sala, és rei e senhor e a televisão portuguesa não te merece. Nem à tua mulher, sempre aprimoradamente engalanada. Nem ao teu filho, que imita o Pato Donald como poucos. Saúdo-te.

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