Monday, March 31, 2008

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Para júbilo de quatro e terror das massas, voltei hoje de madrugada a Portugal. Pronto, para alegria de quatro e indiferença massiva.

Em NY, entretanto, e para contrastar, foi erguida esta estátua de zinco em minha homenagem. Agradeço.

Wednesday, March 19, 2008

Memoirs

Spud Webb, com 1,70m, ganha o concurso de afundanços. Eu, em dia sim, toco ligeiramente na rede. Deve ser dos ténis.


"Lorenzo Lamas is the renegade; Justice is his only reward".



E então? É isto? O post é isto? Pelo amor de Zeus, nem te esforçaste...


Pronto, remato com o melhor concurso alguma vez feito. Tinha que vir da Ásia: Nunca digas Banzai! (não encontrei a versão deliciosamente dobrada em português)

Made in Alvalade

Temo que a derrota na final da taça UEFA em Alvalade frente ao Cska tenha sido o auge futebolístico de toda uma vida como associado do Sporting. Probabilisticamente, pode muito bem vir a sê-lo.

Se há um sonho que todos os adeptos têm é de vir a jogar a nº10 pelas cores por que agora torcem. Depois deste, há o sonho de ver a sua equipa ganhar a Champions. Se a ganhar com uma equipa maioritariamente portuguesa, melhor. Se, para alem de portugueses, a maioria dos jogadores forem prata da casa, perfeito.

Sonho esse que foi pela última vez alcançado em 1995 pelo Ajax de Amesterdão. Comandados por Louis Van Gaal, a equipa era formada por um sem-número de jogadores formados na escola do clube: van der sar, reiziger, rijkaard, frank e ronald de boer, seedorf, davids, kluivert... Venceram na final o todo-poderoso Milan, o que tornou o seu feito tão mais especial.

Se, na década de 90, a escola de futebolistas do Ajax era indubitavelmente a mais famosa do mundo (se não mesmo a melhor), actualmente é-me custoso encontrar uma escola com maior produtividade que a de Alcochete.

E, tomando como exemplo a mais recente convocatória de Scolari, temos que todos os médios excepto um são produtos leoninos:
Médios: Carlos Martins (Recreativo), João Moutinho (Sporting), Miguel Veloso (Sporting), Raul Meireles (FC Porto), Cristiano Ronaldo (Manchester United), Nani (Manchester United), Ricardo Quaresma (FC Porto) e Simão (At. Madrid).

A matéria prima teima em aparecer. Resta-nos então sonhar, a nós adeptos do Sporting, que um dia tenhamos o dinheiro para os segurar durante duas épocas seguidas e, quiçá, concretizar esse sonho aparentemente inalcançável.

Tuesday, March 18, 2008

Nougat 3, 100

Fotos (aleatórias) de NY:



Monday, March 17, 2008

usd$15

Foi quanto custou o meu novo par de óculos:


Conhecendo-me aceitavelmente como conheço, deduzo que me desafiarei a lá voltar e adquirir o par de óculos de hastes brancas que se viu por enquanto preterido. I'll wait for you - pareceu-me ouvir ao sair da loja.

I Love You Jesus Christ, Yes I Do.



Testemunho real:

"desde o acidente, mastigo esmagando a carne com a mão contra os dentes."

[Cristóvão, 42 anos, vítima de um acidente]

Tuesday, March 11, 2008

o Drama do Ciclope



Faz hoje uma semana que, ao caminhar por uma ruela do Lower East Side, me cruzei com um ciclope. Não tinha máquina fotográfica na altura - quantas curiosidades já entraram e saíram da minha mente por falta de máquina no telemóvel... - pelo que o fotografei mentalmente e, chegado a casa, desenhei-o de imediato. Fiquei orgulhoso com reprodução tão fidedigna:

Até aqui, nada de errado. Trata-se de um ciclope como tantos outros: um gigante com bom sentido de moda, um único olho central - castanho claro - e subalterno de Hefaísto.

No entanto, uma observação mais atenta crava na mente um pormenor chave que não escapou ao esboço impressionantemente real que aqui apresento.

Dono de um só olho, o Ciclope tem, não obstante, duas sobrancelhas. Ora sendo a sobrancelha um aglomerado de pelos situado acima da celha (daí o nome) com o intuito de proteger o olho, podemos ver que para um ciclope o par de sobrancelhas não tem qualquer utilidade prática pois o olho, central, está desprotegido e ao alcance dos seus inimigos naturais.

Sunday, March 9, 2008

The Blue Oyster º




Apesar do mundo continuar maioritariamente trajado com o seu vestidinho heterossexual, é difícil não reparar num progressivo encurtar de mangas. Não só todo o modo de vida gay está a escapar do armário, como cedo erguerá os braços em pleno mainstream.

"Essa gentalha, paneleiros nojentos" - dirão ainda hoje muitas pessoas. Demasiadas. Ainda mais diriam "Isso não se escreve num blog, que vem a ser isto, poluir-me os olhos assim tão gratuitamente..."

Um aparte: Há um par de anos passeava pela Chueca de Almodóvar (um daqueles a quem é devido um eterno agradecimento pelo movimento gay supracitado), onde fui beber uns copos com uns amigos que de lá saíram enojados por demonstrações públicas de afecto. Tudo bem. Independentemente do sexo dos intervenientes, sou contra linguados na via pública. Salazarista pró-casamento gay?

Não és mais nem menos do que todo o mundo actual, lavagante. És somente uma opinião. Pior: a tua opinião é totalmente descurada de sentido lógico e prático! Estás-me a fazer perder tempo para pentear o bigode. Com licença.


Estou actualmente a meio de uma mini-série da HBO chamada "Angels in America" sobre um tema (infelizmente) siamês ao deste post: a sida. Mais propriamente a sida entre a comunidade gay novaiorquina na década de 80. Al Pacino é um advogado famoso com a doença em fase terminal que, para salvar aparências, pede para chamarem de "cancro do cólon". Como quem cai duma cadeira abaixo. Quando acabar de a ver decidirei se a recomendo. Quem sabiamente não se guia por mim, devia alugar os dvds.

Isto tudo porquê? Apenas uma constatação mais do que óbvia. Há uns anos ouvia-se dizer "desde que o meu filho não seja maricas, fico feliz". Pai conservador segue a sua palavra e larga lágrimas de felicidade quando enterra o filho toxicodependente. "Pelo menos era virgem no rego" diz, rato, ao seu amigo Edgar, cujo rebento é bailarino.

"nanananananananananananana (tapando os ouvidos e fazendo um som aleatório) ......não estou a ler isto... alusões anais? ...Deus me valha"

Mas o mundo continua a rodar e graças a Almodóvares & cia. cedo tal não será tema de preocupação. Ao impedir o casamento gay estamos a adiar o inevitável. Não falo do casamento pela igreja, que se rege desde sempre por ensinamentos seculares que são a base da sua desertificação e não se coadunam com este tipo de "vanguardismo". "Mas que raio estás para aqui a dizer? de onde aparece isto tudo? o teu raciocínio não tem fio lógico. Agora vais passar para a separação do Estado e da Igreja como prova inequívoca da dita desertificação?"

Adiante. Hoje a voltar para casa, numa rua como qualquer outra - com passeios dos dois lados e estrada no meio - cruzei-me com 2 homens. "Casaco manhoso" - pensei sobre um enquanto o meu olhar se perdia pelo lado oposto, numa c+s encarnada.
"he's cute" - ouvi um a sussurrar e não liguei, pois não se enquadrava na minha lógica de pensamento e não achei que fosse sobre a minha pessoa.
"hey puppy, you're cute" - disse o outro, claramente o gay mais espampanante do casal.

Pronto, cá está o real propulsor para a escrita deste texto. Contentes? Estava com falta de piropos e apareceu, não da forma desejada, mas sempre apareceu.

De qualquer modo, agrada-me o facto de saber que se por acaso o meu filho nascer gay (e agrido violentamente com um tijolo na cabeça quem me vier com a teoria de que é uma doença ou uma mera opção), irá nascer para um mundo rosa-choque (shock?), nem que o tenha que exportar para Nova Iorque, onde confraternizará com Antony e Wainwright.

E pronto, assim termino o meu post mais Lynch até ao momento (agradável como se tornou aceitável utilizar pessoas como adjectivos), na esperança de que ao voltar a Lisboa dentro de um mês encontre a minha Maggie Gyllenhaal. Au revoir.


ps: blue oyster, título do post, é uma alusão ao bar gay no filme "academia de polícia".

Saturday, March 8, 2008

Uma da manhã...



...e acabei, faz 10 minutos, de ver o filme "the belly of an architect", de 1987. A banda sonora é de Wim Mertens, cuja música também acelera um dos meus anteriores posts. Extraordinário. Para quem não o conhece, digamos que é um Rodrigo Leão belga. Estudou em Leuven (destino de luxo para erasmus nesse país, e em Gent - aquela que foi a minha primeira 2ª cidade).

Ao filme dou 4 estrelas em cinco. Homenagem não só à saudosa banda 4 Non Blondes, como também aos Abba e aos 3 mosqueteiros + d'Artagnan, esse penetra.

Esta semana que agora passou e a que inevitavelmente se aproxima marcam a minha última quinzena de estágio em Nova Iorque. Seguir-se-á nova quinzena, mas de lazer, que marcará a minha despedida desta cidade que tão bem me acolheu e cuja carteira pouco subtilmente me chupou. Deduzo que seja como as putas, essas operárias que enquanto temos dinheiro nos tratam como reis. Grande puta, esta maçã.

NY mascarada de dançarina de flamenco

Têm sido dias passados frente ao monitor, mergulhado em photoshop, de manhã à noite com pausa de meia hora para almoço. O meu mais recente vício, sushi. A usd$5,50 no restaurante no lobby do prédio onde trabalho, e com qualidade mais do que aceitável, é difícil resistir. Mas tento: almoçar 4 vezes sushi numa semana de 5 dias parecia-me pouco razoável, mas ia-me mentindo enquanto podia. "Se faz bem (ou menos mal) e gosto, porque não"? Até que duas situações me fizeram cair em mim. Alguém no escritório teve a audácia de me perguntar se como sempre sushi. Franzindo a minha sobrancelha interior, respondi que sim. Semanas depois resolvi almoçar algo diferente, um prato de carne. Caminhando em direcção à caixa, a sul-americana que lá trabalha sorria-se para mim. "se fosses gira, sorria de volta" - pensei, fútil como sempre. "No sushi today?" pergunta-me. "Ah... filha duma grande maçã!" disse no meu melhor sotaque soviético, e desde esse dia passei a pagar do outro lado da loja.
Agora, janto sushi. Telefono, peço delivery, e pago usd$15.

Monday, March 3, 2008

aleatoriedades



"Oi pessoal" - digo eu, algo envergonhado após tanto tempo passado sem um mero post escrito.
"Oi?" - respondes-me tu, Nunes.
"Desnecessariamente abrasileirado?" - indaguei, encolhido.
"Indubitavelmente" - disseste, Nunes. Lembro-me vividamente do teu ar superior que me recordava um daqueles grandes dançarinos que eleva a dança de salão a candidato a desporto olímpico. - "Começa lá o post e deixa-me ouvir Lightspeed Champion em paz enquanto o leio".
"De acordo" - respondi, acenando afirmativamente com a cabeça. De resto, Nunes, sempre foste para mim um farol de razão.


Então comecemos, como sempre, em ordem contra-cronológica:

Ontem fui até Newark, de encontro à grande comunidade emigrante portuguesa e à transmissão televisiva do derby. Uma piela a meio da tarde nunca fez mal a ninguém e ajudou a tragar a má exibição duma equipa que sem Liedson não dignifica essa designação. Deixo aqui uma dúvida que me assombra há muito: que é um Tiuí? (será algo mais do que um djaló com penteado alternativo?).
É sempre agradável ver o português fora do seu habitat. Todos os seus tiques saem hiperbolizados: o fanático do Sporting que larga bitaites e ameaça os benfiquistas com "cabeçadas à pai natal", ou que insiste no "amandou-se para o chão", and so on...

E esta interacção motivou-me a escrever novo romance. Ei-lo:

Cansado da vida árdua que levava na aldeia, aos 14 anos Gustavo decidiu amandar-se rumo ao horizonte infinito, em busca de uma vida mais próspera para os lados de Santa Maria da Feira. Não vingou, tendo morrido dolorosamente aos 16, esfomeado, sujo e com a blusa comida pelas traças.

O fim.


Findado o jogo do meu Sporting o comboio levou-me de volta a Manhattan, onde fui a um espectáculo semanal de improvisação cómica, o Upright Citizens Brigade (liderado por Amy Poehler do Saturday Night Live). Mal me sento vejo na fila à minha frente, duas cadeiras ao lado, a actriz Parker Posey. "hmmm" - pensei, intensa e profundamente como é meu apanágio. E eis que subitamente ocupam a fila atrás de mim nova horda de famosos: Will Arnett, John Krasinski e Rashida Jones. O espectáculo foi extraordinário, ainda para mais quando é inventado ali no segundo. As cenas sucedem-se, os cómicos dão pequenos toques nas costas uns dos outros para substituir a personagem e avançar para uma cena seguinte. Só visto.


Adiante. A passear pela Houston Street, onde há um mero vislumbre de flea market, deparei-me com a melhor mesa na história das melhores mesas.



Óscares. Finalmente vi-os a horas decentes. E vibrei, eu que por crença não vibro, desta vez vibrei. Vibrei com Javier Bardem a discursar e vibrei com a vitória de Falling Slowly como melhor música, com a actuação de Hansard e Irglova e o discurso deles. O filme, Once, que já aqui recomendei, sustentado pela banda sonora e pela simplicidade dum argumento que teve apenas usd$100.000 para ser produzido, teve o seu merecido momento de consagração no maior palco mundial.

Outra curiosidade foi o lançamento póstumo de Lavagante, de José Cardoso Pires. Já está, obviamente, à minha espera em Lisboa.

Finalmente, tenho vindo a reparar na crescente Elton-Johnização de Herman José. Só um apontamento, mas espero que esta designação "pegue".