Monday, March 3, 2008

aleatoriedades



"Oi pessoal" - digo eu, algo envergonhado após tanto tempo passado sem um mero post escrito.
"Oi?" - respondes-me tu, Nunes.
"Desnecessariamente abrasileirado?" - indaguei, encolhido.
"Indubitavelmente" - disseste, Nunes. Lembro-me vividamente do teu ar superior que me recordava um daqueles grandes dançarinos que eleva a dança de salão a candidato a desporto olímpico. - "Começa lá o post e deixa-me ouvir Lightspeed Champion em paz enquanto o leio".
"De acordo" - respondi, acenando afirmativamente com a cabeça. De resto, Nunes, sempre foste para mim um farol de razão.


Então comecemos, como sempre, em ordem contra-cronológica:

Ontem fui até Newark, de encontro à grande comunidade emigrante portuguesa e à transmissão televisiva do derby. Uma piela a meio da tarde nunca fez mal a ninguém e ajudou a tragar a má exibição duma equipa que sem Liedson não dignifica essa designação. Deixo aqui uma dúvida que me assombra há muito: que é um Tiuí? (será algo mais do que um djaló com penteado alternativo?).
É sempre agradável ver o português fora do seu habitat. Todos os seus tiques saem hiperbolizados: o fanático do Sporting que larga bitaites e ameaça os benfiquistas com "cabeçadas à pai natal", ou que insiste no "amandou-se para o chão", and so on...

E esta interacção motivou-me a escrever novo romance. Ei-lo:

Cansado da vida árdua que levava na aldeia, aos 14 anos Gustavo decidiu amandar-se rumo ao horizonte infinito, em busca de uma vida mais próspera para os lados de Santa Maria da Feira. Não vingou, tendo morrido dolorosamente aos 16, esfomeado, sujo e com a blusa comida pelas traças.

O fim.


Findado o jogo do meu Sporting o comboio levou-me de volta a Manhattan, onde fui a um espectáculo semanal de improvisação cómica, o Upright Citizens Brigade (liderado por Amy Poehler do Saturday Night Live). Mal me sento vejo na fila à minha frente, duas cadeiras ao lado, a actriz Parker Posey. "hmmm" - pensei, intensa e profundamente como é meu apanágio. E eis que subitamente ocupam a fila atrás de mim nova horda de famosos: Will Arnett, John Krasinski e Rashida Jones. O espectáculo foi extraordinário, ainda para mais quando é inventado ali no segundo. As cenas sucedem-se, os cómicos dão pequenos toques nas costas uns dos outros para substituir a personagem e avançar para uma cena seguinte. Só visto.


Adiante. A passear pela Houston Street, onde há um mero vislumbre de flea market, deparei-me com a melhor mesa na história das melhores mesas.



Óscares. Finalmente vi-os a horas decentes. E vibrei, eu que por crença não vibro, desta vez vibrei. Vibrei com Javier Bardem a discursar e vibrei com a vitória de Falling Slowly como melhor música, com a actuação de Hansard e Irglova e o discurso deles. O filme, Once, que já aqui recomendei, sustentado pela banda sonora e pela simplicidade dum argumento que teve apenas usd$100.000 para ser produzido, teve o seu merecido momento de consagração no maior palco mundial.

Outra curiosidade foi o lançamento póstumo de Lavagante, de José Cardoso Pires. Já está, obviamente, à minha espera em Lisboa.

Finalmente, tenho vindo a reparar na crescente Elton-Johnização de Herman José. Só um apontamento, mas espero que esta designação "pegue".

2 comments:

Anonymous said...

Nunca pegara...

Anonymous said...

espero ver estes gajos na arena de madrid e voltar a ser expulso convenientemente

deixo-te com a banda do momento!!http://www.youtube.com/watch?v=_XC2mqcMMGQ&feature=related

abr