Saturday, February 23, 2008

Headhunter

Este email vai dedicado ao meu desaparecido (sinónimo de casado) amigo Duarte Castro: quando decidires abandonar a Michael Page e começar o teu próprio negócio, posso tratar-te da comunicação? Eis o meu pitch:

ps: empresa de headhunting providencia recrutamento externo ao cliente.

O Jogador


“uma vaga expressao de carneiro faz as vezes de profundidade de pensamento”

Fiódor Dostoievski in O Jogador

angkor wat, cambodja, 2007. Em minha defesa, estava com 40º de febre.

Starbucks chega a Portugal



Estranhamente tarde, eis que a Starbucks se prepara para entrar no mercado português, numa joint venture com a cadeia espanhola de posh fast food, Vip's.

Não se atemorizando pelo rotundo insucesso da marca cup&ccino em Portugal, a Starbucks apresenta basicamente o mesmo serviço mas sustentado por todo um mediatismo que a envolve e que lhe permitiu estar em cada esquina, por exemplo, de Manhattan.

Ainda no passado fim-de-semana, estava eu em Times Square com o Manuel Xara Brasil e deu-nos um anseio pouco másculo por caffe latte com uma pitada de baunilha no topo, envolta pela espuma que a aconchega como um anjo entre as nuvens... "Slap" esbofeteio-me para ganhar uma entretanto desaparecida compostura. Estávamos em busca de um starbucks, mas tivemos que andar 3, REPITO 3 quarteirões para encontrar um! "É como a polícia, quando precisas de um, nunca está por perto" diziamos. E sim, esta situação é exemplo categórico.

Para nós, portugueses, nada há a perder com a chegada da cadeia às nossas ruas: se vingar, óptimo, mais uma opçao e um sítio fashion para passar uma tarde com amigos ou com o macintosh; se não vingar, óptimo, manteremos a nossa postura de povo irascível e de costumes bem vincados nesta ponta da Europa.

Wednesday, February 20, 2008

The Manhattan Crowd




Mais de 1,500,000 pessoas vivem em Manhattan, num espaço inferior a 60 km2. O mesmo espaço inferior a 60 km2 recebe ainda, diariamente, outros tantos milhares: são as multidões que trabalham nesta ilha mas vivem nas suas regiões periféricas: Long Island, Brooklyn, Queens, Bronx e New Jersey. Somando tanta gente dá imensa gente, mais coisa menos coisa.

Ora multidão + ilha do tamanho de cabine telefónica (mentira, Manhattan é surpreendentemente gigantesco e duvido que uma longevidade de tartaruga fosse suficiente para esburgar tudo o que aqui acontece), repito multidão + ilha do tamanho de uma cabine telefónica extremamente grande = CAOS.


"Fogo", rebate a minha incredulidade à equação prévia. Calma, incredulidade, deixa-me prosseguir. Esta aparente babel cedo se revela enganadora. Bastam uns dias, ou mesmo umas horas submergidos nela para uma outrora avassaladora realidade nos acolher e, porque não, nos abraçar. Subitamente, vemo-nos envolvidos num bailado urbano de dimensão majestosa: são centenas de milhares de pessoas que se cruzam por estas geométricas ruas com uma sincronização maquinal; espaços formam-se onde anteriormente vivalma caberia, albergando quem agora se junta à corrente; a nórdica de um metro e oitenta e quatro, vinda agora do seu apartamento em uptown, caminha imediatamente atrás, mas ao seu próprio ritmo, do asiático que acabou de entregar um sushi combo mesmo ali ao lado, que por sua vez segue a pisada do perneta que com tanto ano de Manhattan consegue ditar e não atrofiar o ritmo de uma caminhada.
Aquilo que poderia aparentar, quando visto de fora, uma mecânica linha de montagem, sem saber como nem porquê, possui uma intensidade humana que a eleva do que poderia ser visto como deprimente, até ao mágico e, quem sabe se não, por vezes, de volta ao deprimente.
"Blá, blá, blá" - protesta a minha incredulidade - "então e o sangue?". Como dignificas o pronome "minha", incredulidade... Cá vai: como qualquer espectáculo ao vivo, também este não se encontra incólume ao erro: o mendigo embriagado que cai para os carris do metro; o advogado que escorrega na rua entretanto congelada; o louco que assedia quem já só pensa em chegar a casa e sair do frio. Pequenos espirros caóticos. Adiante.
Intrinsecamente humano, o bailado ganha nova dimensão ao fim de semana. Nessa altura, o indivíduo dá lugar ao par de namorados ou à familia, os olhares largam o chão e o sorriso espreguiça-se sem pudor nem quota. Passeios na 5th avenue, patinagem no Central Park, compras que começam caras no SoHo e cujo preço segue a direcção da caminhada rumo a Chinatown. O caos, esse, mantem-se; a ordem, no entanto, dá lugar à vida. É a mudança de turno.
São duas dimensões de Manhattan, dois actos de uma mesma peça.

"zzzzz" - a minha incredulidade dorme. "É correcto colocar aspas quando simulas a emissão de um som?" - disse ela, acordando propositadamente para me zombar. "Tem nome, é onomatopeia. Quanto às aspas, deixa-as estar, vou arriscar" - retorqui eu, algo incrédulo pela crescente importância desta figura com o avançar do texto.

Monday, February 11, 2008

de volta à Checoslováquia


A minha pessoa, na fase pós-Cáucaso, a caminho de Kosice. A mota não era veloz, mas os mosquitos eram pujantes.

Sunday, February 10, 2008

10 days later



Exuberantemente homossexual este meu salto.

Friday, February 1, 2008

Mon Dieu



Abro o site maisfutebol e deparo-me com um anúncio. Já é chato quando ocupam todo o ecrã e o meu instinto de cibernauta apenas procura o X que o fará desaparecer, permitindo à minha vida regressar a uma normalidade tão rudemente interrompida.
Mas não, desta vez passei o anúncio e tive que voltar atrás. Não queria acreditar no que via. Grande parte dos anúncios nem tentam dar uma volta criativa ao briefing, limitando-se a comunicar "vendemos isto por isto", "beneficie disto", "quer isto? faça aquilo". O prazer de trabalhar numa industria criativa é, imagine-se, a possibilidade de ser criativo, e isso engloba milhares de ideias pelo cano abaixo até uma funcionar.

First Thoughts podem funcionar mas, por norma, são meros caminhos que poderão, eventualmente e após escavada a superfície, levar a algo bom. Ora o anúncio que eu vi é algo que se eu mostrasse a alguém aqui na agência, das duas, uma: ou nem se dignavam em o comentar, ou vomitariam sobre ele e eu ficaria irremediavelmente mal visto.

O conceito nada tem de novo, sondemos o pensamento do sujeito que fez isto: ora o skoda é espaçoso, tens mais espaço. Não vamos mostrar um interior mostruosamente grande onde cabe tudo, ou um campo de feno gigante onde um sujeito tem espaço para fazer o que queira, isto são execuções gastas. Vamos tentar brincar com o conceito de espaço... espaço... espaço... que tal o puto astronauta? siiiiim, porreiro. Ah, e faz a chalaça de meter o puto perto da nave como quem vai para o espaço e dizes ao pai "mais espaço para a sua vida" hahahaha, percebes? é tão grande que vai parecer que o miúdo foi para o espaço onde andou perdido em órbita até chegarem a casa, onde fecham o puto no quarto a jogar super nintendo!

Dói!

Xau!

Lcf!


ps: para equilibrar a qualidade no post, a música é extremamente agradável. Eels!

Superbad



Todas as 5ªs feiras a agência tem uma tab num bar aqui perto no valor de USD$500. Toda a gente vai lá e bebe até esgotar o orçamento. Dá para cerca de 2 bebidas, excepto para o labrego que sai a correr antes de todos e pede oito vodkas groselha para beber dentro da divisória do w.c.
Ora passadas duas coronas voltei para casa, onde jantei e trabalhei um par de horas. Entreguei-me ao sofá manhoso que é a coroa de glória do meu quarto (no panorama mobiliário) e fui indagar com que filmes havia sido contemplado pelo netflix: My Life Without Me, Night on Earth e Superbad. Cansado e sem disposição para reflexões de qualquer género, decidi-me pelo derradeiro. 1 hora e 50 minutos? vejo até aguentar - pensei, pois raros são os filmes que hoje em dia consigo ver de costa a costa.

O filme começou e com ele os meus ligeiros risos, sempre de difícil extracção. Os actores são deliciosamente nabos. Um já o conhecia, da brilhante série Arrested Development. Coelho. Sim, coelho. Adiante. Não é a habitual comédia cliché e de graçola fácil. Aproveita-se, claro está, no elevado coeficiente de nabice dos protagonistas, mas expande-se para um nível bastante agradável. McLovin é um nome que se tornará referência. Na minha Lisboa será o correspondente ao Afonso Menezes. Deixo aqui a trailer para aguçar apetites, com a ressalva de que o forte do filme não são as quedas fáceis que abundam na mesma, mas as situações intermédias de desconforto e de inteligência cómica que tornam o filme abrangente em termos de público-alvo.




PS: peço perdão pela fonte asquerosa, mas é em prol da legibilidade que foi algo afectada pela alteração do papel de cyberparede. Ganha-se em estilo, perde-se em...estilo = empata-se em estilo.