Saturday, June 28, 2008

Wes Anderson

Tal como a minha mãe pontapeava sopa pela boca a dentro do seu contrariado filho, também eu impinjo Wes Anderson às mentes dos meus amigos. Sei que a médio prazo me agradecerão.

"No outro dia, no escritório, estava toda a gente a falar do Life Aquatic" - disse-me um vergado Matos e Silva que, meras duas semanas antes, regou de protestos o visionamento do filme em minha casa. E eis que subitamente se viu menos ignorante graças a uma amizade comigo que, bastas vezes, lhe deve parecer de utilidade dúbia. Mas eis que o médio se torna curto. Prazo, claro está.

Os filmes de Wes Anderson e cia. (imperativo deixar aqui o nome de Owen Wilson) não estão aquém de deliciosos (sim, a minha escala avaliativa contem um delicioso, bem perto do topo). Ter Bill Murray como personagem secundária não é para quem quer. Refraseando: Ter Bill Murray não é para quem quer.

Life Aquatic with Steve Zissou é muito bom. The Royal Tenenbaums é divinal. Rushmore é, se a memória não me falha, aprazível. O último que vi, The Darjeeling Limited, cimentou-o na minha mente como cineasta de culto.
São todos filmes de enredo aparentemente simples (ou quanto muito com uma premissa central bem definida), mas pedem uma abertura ao pormenor que a maioria não está predisposta a oferecer. Their loss.


Por falar em filmes, vou voltar para o sofá, de onde me levantei para escrever isto, e onde me encontrava a ler o Efeitos Secundários do Woody Allen - editado em 1980, ou seja, tudo contos escritos antes de eu nascer. Sinto-me esmagado pela genialidade que nos precede, inclusive nas técnicas milenares dos mestres sopistas.

3 comments:

Anonymous said...

Esta fica no ouvido. Suspeito que o Moita Flores faz parte do coro de apoio.

LCF said...

Francisco, as tuas intervenções neste blog atingiram o seu apogeu.

AMO (palavra que me engasga, mesmo quando me refiro a sopa) a musicalidade suave desta obra, que ganha uma dimensão de lição-de-vida quando absorvemos a letra nela imbuída (na musicalidade? na sopa?).

Extraordinário!
E como trazem - vitoriosamente - de volta aqueles bons tempos em que ficávamos dentro de casa não para jogar xbox, mas para comer sopa sopa (estas duas palavras, claro está, são de autoria do teu caro Moita Flores, que entretanto se assoma pela janela da cozinha)

Anonymous said...

Quer então dizer que a partir daqui posso descambar. Reúnem-se então as condições para mencionar o maior investimento da história da procrastinação.