Wednesday, January 9, 2008

Carta a Magda



Oi estimada Magda,

Encontrei finalmente um tempinho para te largar umas míseras linhas. Tinhas razão, devia ter trazido luvas, a temperatura aqui faz da amena Lisboa um trópico.

A minha casa é, à falta de melhor adjectivo, aceitável. Tenho televisão com centenas de canais no quarto/caixa de sapatos, o que se torna redundante a partir do momento que todas as minhas horas são gastas a trabalhar, a ler e a ver dvds (sim, voltei a cair nas malhas do netflix). Tenho também um sofá que mais parece uma cambalhota e que consegue simular confortabilidade durante a primeira hora. Tenho uma janela que só ao 3º dia percebi que abria, mas não me vou alongar nesse assunto. Para cozinhar a pachorra é pouca e, aliada à falta de tempo, torna o order in a solução ideal. Jantar fora é caro mas tenho ido umas vezes por semana, invariavelmente com o Norton de Matos e mais recentemente com o seu amigo músico sul-africano Jean. Os meus roommates são uma japonesa anã e um americano desaparecido em combate (em quase 2 semanas cruzei-me uma vez com ele). Não me apetece traçar-lhes o perfil.

Sim, a East Village (zona que me adoptou) é tudo aquilo que se esperava: estou rodeado de bares e restaurantes, mesmo à frente duma esquadra e a pouco mais de 5 minutos do metro que me larga à porta da agência. Estou também muito perto da enérgica St.Marks street onde, há um ano quando cá estive, os donos do restaurante japonês onde havia jantado me pediram os 2% que faltava na gorja como resgate para a minha mala, entretanto por lá olvidada. Sim, as contas com as tips aqui são um assunto para todo um post, mas vou-me adaptando.

Estou a ter estágio e aulas na Lowe. Não aprecio particularmente a agência, mas temos aulas com criativos da bbdo e da jwt que nos visitam uma vez por semana.
Apesar de muito trabalho, com tendência a aumentar, a cidade é para aproveitar:

2ª jantar no West Village. Com o Zeca, claro está.
3ª copos com a restante malta da Ad School e com um professor num bar manhoso a 2 quarteirões de minha casa. ID obrigatória, cerveja barata.
6ª conferência com o realizador Michael Gondry na Apple Store do Soho, completamente lotada, pelo que saímos mais cedo para jantar e sair a um club todo posh na West Village.
Sábado jogo da NBA Knicks-Pistons que os locais arrasaram, deixando a minha amiga Yelan literalmente de lágrima no canto do olho (nunca tinha visto os Pistons perder ao vivo). Chaves de casa esquecidas dentro da mesma pelo que houve necessidade de um compasso de espera até a japonesa anã voltar do restaurante onde trabalha.

Como está tudo contigo? Espero que estejas melhor da epilepsia.

Depois de 9 meses provisoriamente regressado ao luxo do lar, estou sem rotina de compras - fui ao supermercado mas não comprei nada do que deveria: azeite, sal, carnes, etc. Então roubei azeite à japonesa anã, que gentilmente me informou que o produto devia estar quase a celebrar o décimo aniversário. O esparguete não me soube de feição.

De resto já tenho sido abordado pelas gentes que por aí ficaram, andam a sondar as possibilidades de por cá passarem. Apesar de viver num apartado, tenho chão para uma pessoa pois a minha cama está precariamente suspensa a metro e setenta do chão. Estou a sondar também a possibilidade de ir visitar L.A. no final de Março.

O teu mastim, que tal está?

Bem, por ora é tudo. Escreve-me de volta com a tua mão boa quando puderes!

Um aceno distante, mas jamais destituído de calor.
LCF

1 comment:

Anonymous said...

Muito misterioso este teu blogue. O non-sense terá algum significado no final?